domingo, 1 de julho de 2012

Salar de Uyuni - 1º dia

Olá pessoal...
Após tantos pedidos de notícias rápidas aqui estamos!!!
Chegamos de Uyuni às 06:10h e agora são 07:00h e estamos em um hotel em La Paz (não no hotel que deveríamos estar porque ele estava fechado quando chegamos e está um friozinho básico de -4º agora).

Antes de contar os detalhes de nossa visita ao Salar devo relatar uma informação importante: A Bolívia é um país que possui muitos atrativos turísticos, mas infelizmente é um país completamente involuído e desorganizado. Não se pode confiar em quase ninguém, desde agências turísticas a companhias de transporte rodoviário. É triste, pois estamos falando de um país pobre, com muitas misérias e com um acervo turístico incrível que poderia ser melhor explorado. Faço esse desabafo porque ao longo de nossa narrativa poderão verificar inúmeros probleminhas que não tivemos quando estivemos no Peru, e todos eles foram gerados por tentativa de se prevalecerem sobre os turistas. O Peru está anos luz de distância da Bolívia e podemos ver que basta apenas um pouco de organização para as coisas funcionarem bem.
Bom... desabafo feito vamos à nossa saga pelo Salar de Uyuni...

Nossa viagem começou às 19:00h do dia 27/06/12 quarta-feira. quando pegamos o ônibus para Uyuni, de cara tivemos nossa primeira decepção, a companhia de ônibus nos vendeu uma poltrona dizendo que era na frente da escada e na verdade era atrás da escada que ia para o banheiro. Mas o que há de problema nisso? Tínhamos uma barreira em frente a nossa poltrona que nos impossibilitava de esticar as pernas e se deitássemos o banco ficava ainda mais apertado. Como não havia o que fazer viajamos lá mesmo por 11 horas até chegarmos em Uyuni às 6h totalmente quebrados, não apenas pela posição das poltronas, mas também porque cerca de 5 horas de viagem é pelo deserto e lá não há asfalto e o motorista afunda o pé no acelerador fazendo o ônibus tremer muito e bater toda a lataria fazendo um barulho assustador, a impressão que dá é que a qualquer momento a lataria vai se abrir, felizmente não abriu.
Não bastasse isso, o Pedro decidiu ser um verdadeiro boliviano e comeu um sanduíche de mortadela na rodoviária e uma Hamburguesa que era carregada dentro de uma sacola por uma boliviana que as vendiam dentro do ônibus. Mas o que há de problema nisso? Ainda no ônibus ele começou a sentir as consequências e durante todo o primeiro dia do passeio visitou todos os banheiros que haviam, alguns mais de uma vez... kkkkkkkkkk....

Muito bem, bem ou mal chegamos em Uyuni cedinho e acreditem, devia estar uns 10 graus negativos no mínimo. Para terem uma idéia as janelas do ônibus chegaram completamente cobertas de gelo.



Assim que chegamos, como em todas as cidades turísticas, haviam muitas pessoas de agências esperando na porta do ônibus para oferecerem seus pacotes. Escolhemos uma delas e fomos para a agência que possuía calefação (uma estufinha sem vergonha que quase não aquecia, rsrsrs). Lá compramos o passeio para três dias e duas noites por 600 bolivianos para cada (aprox. R$175,00), segundo ela sairíamos em um grupo de 6 pessoas, mais a cozinheira e o motorista, dormiríamos na primeira noite em um hotel de sal que já estava agendado e teríamos quartos individuais, na segunda noite dormiríamos em um vilarejo onde não havia a possibilidade de quartos separados de modo que todo o grupo dormiria em um coletivo. Perguntamos sobre o ônibus de volta a La Paz questionando sobre uma outra companhia melhor e ela nos indicou duas, escolhemos uma e já lhe pagamos pelas passagens para que ela as comprasse para nós, segundo ela pelo mesmo preço da companhia, sem ganhar nada em troca.
Tudo fechado dormimos um pouco no sofá da agência até a hora da saída, às 10:30h. Um pouco antes de sairmos fomos informados que não iríamos em 6, mas em 7 e a cozinheira não iria. Havia começado as mentiras.

Saímos às 10:40h para buscarmos os outros passageiros, até então éramos nós dois mais uma espanhola (Paula). Ao chegar na outra agência onde pegaríamos os demais, uma boliviana muito mal educada abriu a porta do jipe e nos disse que deveríamos ir para os bancos de trás porque os passageiros dela iriam nos bancos do meio (mais espaçosos, claro). Aí foi uma confusão. Após alguns minutos de discussão dedcidimos ir para os bancos de trás, pois no dia seguinte haveria rodízio e o segundo dia é o mais cansativo. Paula, a espanhola disse que não sairia de jeito nenhum deixando a boliviana uma fúria, assim, um dos meninos (Stephan) foi atrás com a gente, ele media 1,95 mais ou menos e foi um caos para ele.
Nosso grupo ficou formado por nós dois brasileiros, a espanhola Paula, duas meninas dos EUA Caroline e Karishma, dois meninos holandeses Stephan e Yoshi e nosso motorista e guia Marín. É claro que após esse início caótico não criamos uma amizade inicial muito calorosa, as americanas e os holandeses já viajavam juntos e formaram uma panelinha enquanto nós e a Paula outra.



Nossa primeira atração do passeio foi um cemitério de trens, os quais eram utilizados para transporte de carga da Bolívia para o Chile. Eram dezenas deles atirados em um campo aberto. Uma cena interessante no meio do deserto.













Depois paramos em um povoado bem pequeno onde se podia comprar artesanato de sal e possuía um pequeno museu com esculturas de sal. Compramos um chaveiro que teve que vir enrolado em um papel e dentro de uma sacolinha para não sujar tudo.




Poucos minutos mais chegamos no deserto de sal e o visual enche os olhos. É simplesmente espetacular!!! Com exceção de alguns locais que podemos ver as montanhas ao longe, o restante é uma imensidão que não possui fim de um branco total. É divertido, engraçado e estranho. Parece que estamos perdidos no meio do nada e acreditem, há pessoas que viajam sem guia e chegam a ficar 3 a 4 dias perdidos no Salar quando o tempo está nublado e não se pode ver as montanhas. No salar há extração de sal somente para consumo da Bolívia e o sal é puro. Eles extraem fazendo uns morros e esperam secar, depois adicionam o iodo, moem e está pronto. Incrível!







Seguimos pelo Salar por horas, paramos várias vezes para tirarmos fotos e para ver os cristais que se formam nos buracos cheios de água. Até que chegamos no Hotel de Sal, um hotel feito todinho de sal, desde as paredes até as mesas e cadeiras. Lá almoçamos, não no hotel! Comemos no jipe mesmo do lado de fora do hotel, rsrsrsrs... e a comida era bem boa, segundo nosso guia era carne de vicunha (um animal típico da Bolívia parente da alpaca) mas não temos certeza se ele falava sério. Tivemos mais uns minutos para descanso e partimos.



Seguindo em frente chegamos à Ilha do Pescado e novamente fomos surpreendidos pela vista. É basicamente uma montanha de pedra incrustada no meio daquele branco puríssimo e o mais interessante, totalmente cheia de cactos gigantes. Pudemos subir ao topo da montanha, o que não foi nada fácil em razão da altitude, lá estamos a cerca de 3.900 a 4.100m de altitude e respirar é quase uma arte. Do alto da montanha podemos ver aquela imensidão de sal com as montanhas ao fundo e é gratificante. Outra coisa que achei muito interessante, tanto as lixeiras quanto as placas que há na ilha são feitas de madeira de cactos e são um charme.







Saindo da Ilha do Pescado em poucos minutos estamos fora do Salar e a paisagem muda completamente, do branco do sal para o marrom do deserto árido, do relevo plano para as montanhas e pedregulhos. Andamos um pouco e chegamos ao povoado onde iríamos dormir. Fomos até o nosso "hotel" e o mesmo estava fechado. Começamos a questionar o guia sobre como poderia estar fechado se tínhamos reservas e ele nos disse que na verdade não há reserva nenhuma, os jipes vão chegando e se acomodando nas casas/hotel que estão disponíveis, ou seja, era outra mentira. Todos furiosos começamos a procurar por um local que tivesse vaga até que encontramos um último quase às 19h.
As estalagens são precaríssimas em todo o deserto, fato normal, pois a água é escassa e o frio intenso, mas nos surpreendemos com nosso "hotel". Banheiros limpos, banho quente (pago, claro) e nessa noite pelo menos nós conseguimos um quarto individual, por sermos casados. As paredes eram feitas de blocos de sal e o chão dos quartos feitos de sal moído, muito interessante.



Tivemos um café da tarde com chá quente e bolachas de sal e nesse momento começamos a ficarmos mais próximos do nosso grupo. Um pouco de Wisky, conversa e um jogo de baralho, pronto!!! Nos tornamos todos amigos antes do jantar. Após um pouco de música típica ao vivo tocada pelo pai e pelos filhos que moram por ali, o jantar foi servido. Caldo quente, salada, arroz e frango assado com batatas. Realmente delicioso. Um pouco mais de papo e fomos para cama descansar.
O combinado do dia seguinte: Acordar às 6h, café às 6:30h e saída às 7h.

PS: O Pedro ainda curtia os reflexos de seu lanchinho rsrsrsrs.

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